A China é, sem dúvida, hoje um dos maiores polos de inovação em tecnologia financeira (fintech) do mundo. A ascensão meteórica das fintechs no país é, portanto, fruto de uma combinação única de fatores, incluindo avanços tecnológicos, apoio governamental e, além disso, uma população altamente conectada.
Em 2023, a China continua a liderar o setor global de fintech, não apenas em termos de volume de transações, mas também em relação à diversidade e sofisticação dos serviços oferecidos. Diante desse cenário, este artigo explora o estado atual da tecnologia financeira na China, destacando as principais inovações, os desafios regulatórios e as tendências futuras que, por sua vez, moldarão o setor nos próximos anos.
Evolução da tecnologia financeira na China
A trajetória das fintechs na China pode, sem dúvida, ser dividida em várias fases, desde a digitalização dos serviços financeiros tradicionais nos anos 1990 até, eventualmente, a adoção massiva de pagamentos móveis na década de 2010. Empresas como Ant Group, através do Alipay, e Tencent, com o WeChat Pay, desempenharam, portanto, papéis cruciais nessa transformação.
Consequentemente, a adoção de serviços financeiros digitais cresceu de forma impressionante, alcançando, assim, mais de 87% da população chinesa, segundo o índice de adoção de fintech da EY.
Na década de 2020, a evolução das fintechs na China foi, então, marcada por uma transição para serviços mais diversificados e integrados. Além dos pagamentos móveis, que já são parte do cotidiano de quase todos os chineses, outras áreas, como a gestão de patrimônio, seguros online e empréstimos P2P (peer-to-peer), também ganharam destaque.
Nesse sentido, a fintech na China não é apenas uma questão de conveniência. Pelo contrário, o modelo tornou-se um pilar central na economia, facilitando, assim, o acesso a serviços financeiros para pessoas que, anteriormente, eram excluídas do sistema bancário tradicional.
Principais Atores e Inovações
Os principais atores do cenário fintech na China continuam a expandir suas operações e inovar em ritmo acelerado. A Ant Group, por exemplo, não se limita mais a ser uma plataforma de pagamento; agora, é uma empresa global de tecnologia financeira, com serviços que vão desde gestão de investimentos (Yu’eBao) até crédito pessoal (Huabei) e seguros coletivos (Xiang Hu Bao). De forma semelhante, a Tencent expandiu seu ecossistema fintech para incluir serviços como gestão de investimentos (LiCaiTong) e até mesmo blockchain, através de sua iniciativa Tencent Blockchain.
Outra fintech de destaque é a Lufax, que se especializa em serviços de gestão de patrimônio e crédito pessoal, atendendo tanto clientes locais quanto internacionais.
Já a ZhongAn, pioneira em seguros digitais, utiliza inteligência artificial e big data para oferecer soluções de seguros altamente personalizadas. Essas empresas são exemplos de como a tecnologia financeira na China está evoluindo para incluir uma gama cada vez mais ampla de serviços, utilizando tecnologias avançadas para melhorar a experiência do usuário e expandir o acesso aos serviços financeiros.
Paralelamente, o papel do Bitcoin na China tem sido complexo e dinâmico. Originalmente, a China era um dos maiores mercados de Bitcoin, tanto em termos de mineração quanto de negociação. No entanto, a partir de 2017, o governo chinês começou a reprimir as criptomoedas, proibindo as exchanges de criptomoedas e bloqueando sites relacionados.
Em 2021, o Banco Popular da China intensificou essas restrições, declarando todas as transações de criptomoedas como ilegais. Apesar das restrições, muitos chineses ainda utilizam Bitcoin, destacando a relevância das criptomoedas no país. Elas funcioam como uma forma de investimento e proteção contra a inflação.
Ao mesmo tempo, o governo chinês tem promovido o desenvolvimento de sua própria moeda digital, o yuan digital, como uma alternativa controlada.
Cenário regulatório e desafios
Com o crescimento explosivo das fintechs, surgiram também desafios regulatórios. O governo chinês, preocupado com a estabilidade do sistema financeiro e a proteção dos consumidores, intensificou sua supervisão do setor nos últimos anos. A suspensão do IPO da Ant Group em 2020 foi um marco nesse processo, sinalizando a determinação do governo em regular rigorosamente o setor de fintech.
O Plano de Desenvolvimento de Fintech da China (2022-2025), elaborado pelo Banco Popular da China, destaca a necessidade de um equilíbrio entre inovação e regulação. O plano enfatiza a importância da segurança dos dados, estabilidade financeira e proteção ao consumidor. Além disso, o governo chinês tem adotado uma abordagem mais cautelosa em relação ao uso de novas tecnologias como blockchain e inteligência artificial, buscando garantir que essas inovações sejam implementadas de forma responsável.
Essas regulamentações têm forçado as empresas fintech a se adaptarem rapidamente. Por exemplo, muitas empresas estão investindo em conformidade regulatória e segurança cibernética para garantir que seus serviços estejam em conformidade com as novas exigências. Há também uma tendência de colaboração entre fintechs e bancos tradicionais, com o objetivo de criar um ambiente financeiro mais seguro.
Tendências Futuras e Impacto Global
O futuro da tecnologia financeira na China promete ser tão dinâmico quanto seu passado recente. Uma das principais tendências é a crescente integração de tecnologias verdes no setor financeiro. O governo chinês está promovendo ativamente o financiamento verde como parte de sua estratégia para alcançar a neutralidade de carbono até 2060. Isso inclui o desenvolvimento de produtos financeiros que incentivem práticas sustentáveis, como empréstimos verdes e fundos de investimento em energia limpa.
Além disso, a revitalização das áreas rurais também está no centro das prioridades do governo. Através de iniciativas como o “Internet Plus”, o governo está promovendo a inclusão digital nas áreas rurais, garantindo que as populações dessas regiões tenham acesso a serviços financeiros modernos. Isso não só reduz a desigualdade digital, mas também abre novas oportunidades de crescimento para as fintechs.
Outra tendência importante é a internacionalização das fintechs chinesas. Empresas como Ant Group e Tencent estão expandindo suas operações para mercados internacionais, levando a inovação chinesa para além das fronteiras do país. Isso tem implicações significativas para o mercado global, uma vez que a tecnologia financeira chinesa começa a influenciar o desenvolvimento de fintechs em outras partes do mundo.
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