Na última década, o número de idosos na China foi de 10% da população, para 18%. Isso representa quase 250 milhões de pessoas. E essa linha só sobe.
Por este motivo, o governo nacional estima que, em 2025, haverá cerca de 300 milhões de chineses com mais de 60 anos!
Existem duas explicações principais para esse crescimento da terceira idade por lá:
1) A “política do filho único”, que vigorou no país entre 1970 a 2013 como uma forma de conter a explosão demográfica. A regra desencorajava os casais a terem mais de um filho sob pena de multas e outras restrições.
2) O crescimento da expectativa de vida na China- que passou de 44 anos na década de 1970 para 76 anos em 2018.
Todavia, está o fator da à taxa de natalidade que, mesmo com o fim da “política do filho único”, é a menor desde 1952. Esses fatores sugerem aos especialistas que, a partir de 2050, a população chinesa vai começar a diminuir.
Porém, as mudanças no país asiático vão muito além da pirâmide etária. O país tem se esforçado para criar melhores condições de vida para os idosos chineses, tanto em termos de políticas públicas, como no setor econômico. A intenção é oferecer a eles um ambiente social em que sejam respeitados, cuidados e possam ter uma velhice ativa e feliz.
Consequentemente, para incentivar o setor privado a criar serviços e produtos que atendam às necessidades dessas pessoas, o governo oferece uma série de vantagens tributárias e outros benefícios. Contudo, temos de considerar também o poder de consumo deste mercado, o que atrai a atenção de investidores.
Nesse sentido, queremos falar um pouco sobre o estilo de vida dos idosos na China. Nele, existem características para lá de interessantes. Boa leitura!
Como vivem os idosos chineses
Os idosos chineses são muito ativos. Uma voltinha pelas ruas das cidades do país é suficiente para se deparar com grupos da terceira idade dançando, praticando lutas, fazendo exercícios ao ar livre e até mesmo soltando pipa.
Sem contar que, nas últimas décadas, também cresceu o número de aposentados viajantes. Idosos que decidiram aproveitar os anos de descanso para viajar sem compromisso e conhecer lugares novos.
Um estudo feito em 2015 dizia que, naquele ano, 14% dos idosos chineses haviam feito alguma viagem. Em 2018, o número saltou para 22%. Inclusive, muitos deles são bastante engajados nas redes sociais. Através delas, encontraram um meio de compartilhar suas experiências com familiares e com outros idosos que queiram seguir caminhos parecidos.
Além disso, milhões de idosos chineses também decidiram voltar a estudar depois de se aposentar. Atualmente, há cerca de 70 mil faculdades que têm como alunos cerca de 8 milhões de idosos – pessoas que decidiram aproveitar a aposentadoria para aprender coisas novas.
Segundo a Universidade de Shanghai para Idosos, uma das mais famosas do país, os cursos mais buscados são os de computação, inglês e música. Assim como as áreas de caligrafia, pintura, história e trabalhos domésticos.
Com quem vivem os idosos na China?
Tradicionalmente, os idosos na China costumam viver na casa de algum de seus filhos, ajudando na criação dos netos e nos cuidados domésticos. Contudo, essa tendência começou a mudar nas últimas décadas.
Com o boom econômico chinês, muitos jovens tiveram a oportunidade de deixar as cidades do interior para tentar a vida nas metrópoles. Frequentemente, isso significa trabalhar muitas horas por dia e quase todos os dias da semana. Ainda por cima, há cerca de 90 milhões de filhos únicos na China. Isto se deve à política adotada por décadas pelo governo – uma dificuldade a mais na hora de dividir as responsabilidades com os pais mais velhos.
Com pouco tempo e dinheiro para viajar com frequência para as cidades natais, têm crescido o número de famílias que buscam lares onde os idosos possam ser assistidos mais de perto e tenham mais companhia. Para melhor servir essa população, a cidade de Beijing (Pequim), por exemplo, adotou regulamentos para encorajar o investimento privado e estrangeiro em espaços especiais que recebem essas pessoas.
Com o aumento da demanda e incentivos do governo, a quantidade de asilos no país disparou de 40 mil para 220 mil nos últimos 10 anos.
Para quem pode pagar, existem até mesmo condomínios de luxo. Ali, os chineses da terceira idade vivem com privacidade em seus apartamentos, mas têm acesso a uma ampla estrutura de apoio – que inclui assistência médica 24h, aulas diversas, serviços de limpeza, áreas de recreação, entre outras atividades.
Por que os idosos chineses vivem tanto?
Antes mesmo da expectativa de vida aumentar em boa parte dos países do mundo, os chineses já eram conhecidos pela longevidade. Segundo um estudo feito pela Sociedade para a Terceira Idade da China, 60% do segredo da vida longa está nos hábitos.
Os chineses costumam ser pessoas alegres e fazem exercícios físicos regularmente. Além do mais, são exigentes com a alimentação, não fumam, ingerem pouco álcool e buscam uma relação familiar harmoniosa. Ao mesmo tempo, a longevidade também é atribuída à tradicional medicina chinesa, que costuma tratar doenças e outros males com chás, fitoterápicos, massagens e sessões de acupuntura, ao invés de medicamentos alopáticos.
Em outras palavras, para eles, manter a mente e o corpo sãos é a chave para uma vida longa e feliz!