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Conheça o Feiyue: o tênis estilo old school que está nos pés das celebridades chinesas

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Especialmente se você mora em São Paulo, é possível que já tenha visto o Feiyue nos pés de alguém por aí. O clássico tênis chinês já existe por lá há muitas décadas e agora está conquistando o coração dos famosos. Nomes como Orlando Bloom e Alessandra Ambrósio já aderiram – além de ser sensação “cult” e retrô entre os jovens hipsters da China.

Antes disso, acreditem, ele era basicamente usado por monges e praticantes de kung fu do país asiático. Vamos explicar direito essa história.

Quando nasceu o Feiyue?

Tudo começou antes de 1920 quando uma fábrica de pneus de Shangai (Xangai) passou a usar restos de borracha para fabricar um modelo específico de tênis, o Feiyue. Em chinês, a palavra significa “pular” ou “voar por cima”. 

Logo em seguida, o sapato já estava famoso entre atletas e praticantes de artes marciais do país, incluindo os monges chineses. O motivo? Um tênis flexível, confortável e muito barato (na China é possível comprar um par por um valor entre $3 e $8).

A popularidade do sapato foi crescendo ao longo dos anos, até chegar às Olímpiadas de Pequim de 2008. Naquele momento, o tênis apareceu nos pés de todos os atletas chineses na cerimônia de abertura dos jogos.

Desde então, o Feiyue ganhou um novo status de artigo fashion e “cult” e passou a ganhar o coração especialmente do pessoal hipster da China, chegando, é claro, a várias pessoas famosas do mundo todo.

Uma briga antiga com os franceses

Duas marcas chinesas fundadas em 1920 dominaram a indústria nacional de calçados entre os anos 60 e 80. Elas produziam principalmente modelos de tênis de lona. Estamos falando da Feiyue e Warrior, empresas que pareciam estar presentes nos armários (e nos pés) de todos os chineses naquele momento. 

Mas o sucesso não durou muito mais que isso. Com a chegada de novas marcas como Nike e Adidas à China na década de 1990, os jovens chineses acabaram deixando as opções nacionais de lado por 10 anos. 

Até que um belo dia um empresário francês chamado Patrice Bastian descobriu o Feuyue enquanto aprendia artes marciais em Shangai (Xangai). Em 2006, Bastian decidiu comprar os direitos de venda da Feiyue na França por acreditar que o modelo tinha um grande potencial no ocidente. Não podemos esquecer que vários tênis de origem humilde, como Vans e All Star, viraram artigos fashions.

E ele estava certo. Em 2008, o tênis alcançou um sucesso inesperado no país europeu ao colaborar com a marca francesa Céline e ganhou um novo brilho, dessa vez internacional.

Os chineses não gostaram nada nada

Tão grande quanto o sucesso do Feiyue na França foi a revolta dos fabricantes chineses do tênis. Segundo eles, as leis de propriedade intelectual na época ainda eram muito confusas e, por isso, eles só tiveram conhecimento da migração da marca para a Europa em 2007 ou 2008. 

Bastian, o empresário francês, argumentou que em 2006 havia tantas empresas reivindicando o Feiyue na China que era impossível saber quem era o real dono da marca.

O resultado dessa “briga” é que, hoje, os chineses não podem vender o tênis na França, pois seriam interceptados pela alfândega como fabricantes de pares falsificados, ou seja, cópias da versão original francesa.


Mas, afinal, quem é o dono do Feiyue?

feiyue

Bom, a fabricante original do tênis é a chinesa Double Coin, considera uma “empresa-filha” da Da Fu Rubber, de Shangai (Xangai). Depois de 2006, a Da Fu registrou legalmente a marca na China, mas reconhece o direito de os franceses venderem o tênis.

Do ponto de vista legal, a proteção de marcas registradas é limitada territorialmente, explica Li Yahong, professor da Universidade de Hong Kong que é especializado em direito de propriedade intelectual.

“Enquanto a empresa chinesa não registrou sua marca Feiyue na França, a empresa francesa pode registrá-la na França sem obter a aprovação de ninguém e sua marca registrada está protegida na França”, diz.

Por esse motivo a Da Fu não consegue exportar seus tênis para outros lugares do mundo. Quem quer comprar o modelo precisa adquiri-lo na China e depois revender em outros países.

Patrice Bastian até se diz aberto a conversar sobre uma unificação da marca, mas os chineses não estão tão animados assim com a ideia. “Por que trabalharíamos com eles? Eles só vieram levar nossas coisas embora”, disse Liu Qinglong, gerente da Da Fu Rubber.

Enquanto isso, o Feiyue segue sendo vendido pelas duas fabricantes: a chinesa e a francesa. Mas cada uma em seu respectivo nicho. 

E a notícia boa é que ele chegou ao Brasil também! Quem estiver interessado precisa dar uma voltinha pelo bairro da Liberdade, em São Paulo, e perguntar sobre o modelo. Ou então é possível comprá-lo pela internet em sites como o Shopee, por exemplo. Boa sorte!

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