O chinês é o idioma mais falado do mundo. No entanto, os povos ocidentais consideram a caligrafia chinesa uma das mais curiosas e intrigantes. E não é pra menos. O sistema de escrita, os sons e a caligrafia chinesa são completamente diferentes do português e de todas as outras línguas com as quais temos mais contato cotidiano, como o inglês e o espanhol.
Para matar um pouco da sua curiosidade sobre a origem do chinês e sobre a lógica que guiou a construção da escrita, resolvemos escrever este artigo.
Esperamos que você se divirta neste túnel do tempo!
Onde surgiu a escrita chinesa?
Primeiramente, pesquisadores encontraram os primeiros registros da escrita chinesa em cavernas, cascos de tartarugas e ossos de animais datados de 4 ou 5 mil anos atrás. A primeira vista, esses símbolos primários se pareciam com hieróglifos simples que variavam em mais ou menos 50 tipos de gravuras que seguiam padrões. Durante a dinastia Shang, a partir do século XVI a.C, os chineses sistematizaram a escrita, mostrando um bom avanço nos registros arqueológicos.
Recentemente, cientistas chineses e americanos descobriram indícios da escrita chinesa em cascos de tartaruga datados de 8.600 anos atrás. Se esses achados forem aceitos como registros oficiais, a escrita chinesa passará a ser considerada a mais antiga da humanidade.
No total, a escrita chinesa tem mais de 160 mil logogramas. Mas, se você está estudando mandarim, não se assuste! Pois a maioria deles passou por uma série de alterações que priorizaram os traços fundamentais. Atualmente, os chineses utilizam entre 5 e 8 mil caracteres, sendo apenas 3 mil para a vida diária.
Como funciona o sistema de escrita chinês
Efetivamente, os povos ocidentais estranham muito a escrita chinesa por um motivo simples. Nas línguas ocidentais, as letras formam palavras, que representam ideias. Uma letra sozinha é apenas uma vogal ou uma consoante, sem significado algum.
Já a escrita chinesa é logográfica, ou seja, formada por símbolos que expressam palavras ou morfemas – uma unidade mínima da palavra com significado.
Por isso, cada logograma, também chamado caractere ou sinograma, possui seu próprio significado e pode transmitir uma mensagem sem precisar combinar-se com outro.
Nenhuma variante da escrita chinesa possui um alfabeto. Os logogramas não transcrevem os sons como as vogais e consoantes das línguas ocidentais fazem. Por esse motivo, o sistema de escrita chinês deu origem a dialetos completamente diferentes uns dos outros.
Os caracteres chineses que são considerados ideogramas correspondem a uma pequena porcentagem. Por exemplo, o ideograma 明, que combina 日 (sol) e 月 (lua), e pode significar “brilho” ou “amanhã”.
Os principais dialetos chineses são:
- Mandarim: idioma oficial da região de Beijinge, está presente na China continental, Taiwan e também em Singapura;
- Cantonês: falado em Cantão (Província de Cantão), Hong Kong, Macau e sudeste do país;
- Xangainês: falado em Xangaie arredores;
- Sichuanês: falado no centro da China (região de Sichuan e Chongqing);
- Hakka(Hacá): falado na província de Cantão, Fujian, Hainan, Jiangxi, Hong Kong, Taiwan e sudeste do país.
Por que a caligrafia chinesa é considerada uma arte
A caligrafia chinesa (书法), também conhecida como a arte da escrita, é uma parte muito importante da cultura da China. Geralmente, as pessoas a consideram como a principal forma de arte visual no país. Principalmente porque a caligrafia chinesa envolve tanto o uso de canetas como o de tinta e pincel. Contrariamente da caligrafia ocidental, que utiliza principalmente canetas.
Desta forma, os chamados calígrafos se aperfeiçoam na pintura dos logogramas chineses e em outras formas de pintura, sendo considerados artistas de caligrafia na China. Por este motivo, as pessoas acreditam que a caligrafia e a pintura sejam duas artes que caminham juntas e são complementares.
Os 4 tesouros da caligrafia chinesa
Frequentemente, os calígrafos usam o papel, a tinta, a pedra de pintar e o pincel. Na maioria das vezes, chamados de “4 tesouros.
- Papel: O papel mais usado é feito de arroz (Xuanzhi – 宣紙), tradicionalmente fabricado na província de Anhui. Os calígrafos também utilizam papel de bambu, amora e cânhamo.
- Pincéis: Os pincéis mais comuns são feitos de pele de carneiro e de lobo, ou uma mistura dos dois.. O cabo do pincel pode ser de bambu ou materiais nobres, como o sândalo vermelho, cristal, marfim, prata e ouro.
- Tintas: A tinta é basicamente composta por bastões feitos de fuligem e aglutinadores que os artistas esfregam com água em uma pedra de tintura até atingirem a consistência correta. Apesar de existirem tintas engarrafadas prontas para uso, a tradição acredita que os bastões sejam melhores, pois as tintas prontas podem borrar e escorrer. Para selar as obras ou documentos, os artistas usam uma tinta vermelha feita de óleo, incenso e uma mistura de 8 ervas.
Na China, a caligrafia é considerada uma dança entre o artista e suas três ferramentas. Um bom calígrafo é capaz de controlar a proporção de cada caractere, o contraste entre o claro e escuro, e a velocidade de cada linha e traçado. Isso resulta em uma verdadeira obra de arte, harmoniosa e espontânea.
Além disso, a caligrafia também é uma forma de manter a saúde física e mental em equilíbrio. Não à toa, a longevidade dos artistas é um fenómeno conhecido.
A caligrafia chinesa possui cinco estilos distintos. As formais são:
- Chuan Shu: escrita de selo, considerada uma das mais antigas formas de escrita (seal)
- Li Shu: escrita oficial e arcaica (clerical)
- Kai Shu: escrita de forma (standard)
Já as escritas informais são:
- Xing Shu: escrita corrente (semi-cursive)
- Cao Shu: escrita cursiva (cursive)
Se você gostou de saber um pouco mais sobre a história da caligrafia chinesa, devemos te dizer que a melhor parte é que aprender o mandarim, filho dessa cultura tão rica, e é mais acessível do que parece.
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